Guerra Comercial: Como um acordo entre Estados Unidos e China pode impactar na economia brasileira

A trégua comercial firmada entre os dois maiores blocos econômicos mundiais, logo após o encontro do G20 que ocorreu em dezembro do ano passado na Argentina, deixou o mercado brasileiro em alerta.

O tratado entre Estados Unidos e China para não imposição de novas tarifas comerciais a partir de 1º de janeiro – pelo período de 90 dias – representa aos olhos do mercado nacional uma ameaça para a continuidade da relação com os asiáticos, em especial para o setor agrícola.

No Brasil, o acordo entre os países representa o surgimento de um forte concorrente no fornecimento de soja à China, o principal importador brasileiro do produto. No ano de 2018, 82% da safra produzida no Brasil com o fim de exportação, tiveram como destino o país oriental.

O pesadelo dos produtores brasileiros é de que os Estados Unidos façam a demanda chinesa se dissolver no mercado internacional, e propicie uma baixa no valor das sacas em meio a concorrência. Outro ponto de grande preocupação, gira em torno do temor pela possível sobra de grãos, caso o acordo de fato se concretize. Isso acabaria retardando o escoamento dos produtos que já estão armazenados pelo produtores e prontos para exportação.

Mas o que irá representar a longo prazo para o Brasil a aproximação comercial entre os dois países, ainda é incerto. Os números dos meses de janeiro, fevereiro e março – meses de trégua – não indicaram impactos imediatos. Os dados demonstraram, inclusive, crescimento no mês de fevereiro, sendo 13% superior ao apresentado em igual período no ano anterior.

As negociações entre o presidente norte-americano, Donald Trump, e o presidente chinês Xi Jinping, se arrastam. Até então, nenhum dos governos anuncia qualquer informação conclusiva sobre os desdobramentos para assinatura do pacto definitivo.

Trump ameaça o governo oriental com a possibilidade de elevar de 15% para 25% as taxas de importação de produtos chineses, que representam em valores cerca de 200 bilhões de dólares. A guerra comercial entre os países iniciou em setembro de 2018, após Trump aplicar aumento de 10% nesses encargos, como uma forma de retaliação ao comportamento do governo chinês nas práticas comerciais. A medida acabou sendo rebatida pela China, levando os chineses a implementar um aumento semelhante nas tarifas para importação de produtos americanos.

Os produtores de soja brasileiros observam com olhos atentos o andamento dessas negociações, já se preparando para reduzir custos e readequar operações logísticas a fim de enfrentar uma possível, e provável, nova realidade.

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